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Impermeabilização na Construção: Guia Técnico Completo

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A Água é o Inimigo Número 1

A Impermeabilização na Construção é um dos serviços mais críticos da obra. Embora a água seja fundamental para a hidratação do concreto, depois de pronto para fazer o concreto (hidratação), mas depois que a estrutura está pronta, ela se torna o maior inimigo da construção. Estima-se que mais de 70% das patologias em edifícios residenciais estejam relacionadas a problemas de umidade e infiltração.

Manchas de mofo, pintura descascando, rodapés podres e, em casos graves, a corrosão da armadura estrutural. Tudo isso pode ser evitado com um projeto de Impermeabilização na Construção bem executado.

O problema é que muitos engenheiros e pedreiros tratam a impermeabilização como um “gasto extra”, usando produtos errados nos lugares errados. Neste artigo, vamos explicar a ciência por trás da vedação e como escolher o sistema correto para blindar sua obra.

A Regra dos 5 Anos vs. Custo do Reparo

Existe uma “Lei de Sitter” na engenharia que diz: “O custo de reparar uma impermeabilização falha é 5 vezes maior do que o custo de fazer certo na construção”.

Quando você impermeabiliza durante a obra, você gasta com o produto e a mão de obra. Quando você precisa reparar depois (com o prédio habitado), você gasta com:

  1. Demolição do piso/revestimento existente.
  2. Remoção do entulho.
  3. Refazimento da impermeabilização.
  4. Compra de novo piso e revestimento.
  5. Transtorno ao morador.

Portanto, economizar na impermeabilização é a forma mais cara de construir.

Rígida ou Flexível? Entenda a Diferença Vital

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O erro técnico mais comum é aplicar o material errado. Existem dois grandes grupos de sistemas:

1. Sistema Rígido (Argamassas Poliméricas)

  • O que é: Aditivos que cristalizam nos poros do concreto/argamassa. Eles não “esticam”.
  • Onde usar: Áreas que não sofrem movimentação térmica ou estrutural. Geralmente, elementos enterrados ou em contato com o solo.
    • Baldrames (Vigas de fundação).
    • Piscinas enterradas.
    • Subsolos e poços de elevador.
    • Reservatórios de água enterrados.

2. Sistema Flexível (Mantas e Membranas)

  • O que é: Materiais elásticos (como borracha ou asfalto) que conseguem acompanhar a dilatação da estrutura sem rasgar.
  • Onde usar: Áreas sujeitas a sol, chuva e vibração (lajes).
    • Lajes de cobertura e terraços.
    • Varandas.
    • Piscinas elevadas (em prédios).
    • Calhas de concreto.

Erro Clássico: Usar argamassa rígida (tipo “top”) em uma laje de cobertura exposta ao sol. A laje vai dilatar com o calor, a argamassa rígida vai trincar (pois não estica) e a água vai entrar. Laje exposta exige Manta Asfáltica ou Manta Líquida (PU).

Pressão Positiva x Pressão Negativa

Outro conceito que derruba engenheiros:

  • Pressão Positiva: A água empurra a impermeabilização contra a parede (Ex: Água dentro da piscina empurrando o azulejo). É o cenário ideal.
  • Pressão Negativa: A água empurra a impermeabilização para descolar da parede (Ex: Umidade vindo do solo vizinho entrando no subsolo).
    • Atenção: Manta asfáltica não funciona bem na pressão negativa (ela descola). Para pressão negativa, usam-se argamassas rígidas especiais.

Passo a Passo: Como Evitar a Umidade Ascendente (Rodapé)

A patologia mais comum do Brasil: a parede descascando perto do chão. Isso é a umidade que vem do solo (capilaridade).

A Solução na Obra:

  1. Impermeabilize a viga baldrame com tinta asfáltica (neutrol) ou argamassa polimérica.
  2. O Pulo do Gato: Adicione impermabilizante também na primeira fiada de tijolos e na argamassa de assentamento das primeiras 3 fiadas. Isso cria uma barreira tripla.

A Solução no Reparo (Pós-Obra): Não adianta só pintar. Você precisa remover o reboco até chegar no tijolo (uns 50cm de altura), aplicar produtos cristalizantes direto no bloco para bloquear os poros, refazer o reboco com aditivo impermeabilizante e, só então, pintar (de preferência com tinta acrílica ou emborrachada).

Conclusão

A Impermeabilização na Construção é uma ciência de detalhes. Um ralo mal vedado ou um canto de parede sem reforço (o famoso “meia-cana”) pode comprometer um sistema inteiro de milhares de reais.

Como engenheiro, fiscalize a preparação da base, exija o teste de estanqueidade (deixar a área com água por 72h antes de colocar piso) e nunca misture sistemas rígidos onde a estrutura pede flexibilidade. Água mole em pedra dura, tanto bate até que… gera um processo judicial contra a construtora.

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