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5 KPIs de Produtividade Essenciais na Construção Civil

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Saiba quais são os 5 KPIs de produtividade que todo engenheiro deve medir. Aprenda a calcular e analisar o Índice de Mão de Obra (IMO) e as Horas-Homem por Unidade (HH/UN).

Introdução: Medir para Gerenciar

Na composição dos custos de qualquer obra, seja ela residencial ou de infraestrutura, a Mão de Obra (MO) representa uma das partes mais relevantes e desafiadoras. Diferente de materiais como concreto ou aço, cujo consumo é previsível, a produtividade humana pode variar significativamente. Fatores como clima, motivação da equipe, clareza das instruções e logística do canteiro influenciam diretamente esse desempenho.

Muitos gestores cometem o erro de controlar essa variável apenas pela percepção de andamento da obra. No contexto da Engenharia Civil de alto desempenho, confiar apenas na intuição não é suficiente para uma gestão eficiente. Para garantir o controle do lucro e dos prazos, é fundamental transformar o desempenho da equipe em números concretos. É nesse momento que os KPIs (Key Performance Indicators) entram em cena, oferecendo indicadores práticos para monitorar a produtividade e embasar decisões em dados reais.

Por isso, é fundamental que engenheiros e gestores acompanhem de perto esses indicadores, realizando análises periódicas e buscando melhorias contínuas nos processos. O uso de KPIs não apenas auxilia no controle dos custos, mas também contribui para uma tomada de decisão mais assertiva, permitindo ajustes ágeis quando desvios de produtividade são identificados. Dessa forma, a gestão da mão de obra torna-se mais eficiente e alinhada aos objetivos do projeto.

KPI 1: Horas-Homem por Unidade (HH/UN)

O HH/UN, também conhecido como RUP (Razão Unitária de Produção), é um dos indicadores mais importantes na construção civil. Ele avalia a eficiência direta da equipe, mostrando quanto tempo os trabalhadores levam para concluir uma unidade de serviço.

Fórmula:

HH/UN = Total de Horas-Homem Consumidas / Quantidade de Serviço Executado

Exemplo prático: Suponha que uma equipe composta por 2 pedreiros e 2 serventes trabalhe 8 horas em um dia, totalizando 32 horas-homem (HH), e erga 40 m² de parede. O cálculo será: 32 HH / 40 m² = 0,80 HH/m².

Esse resultado deve ser comparado ao valor previsto no orçamento (TCPO ou Sinapi). Se o orçamento previa 0,70 HH/m², significa que há um desvio negativo de produtividade, indicando lentidão da equipe e risco de redução na margem de lucro se não houver correção.

KPI 2: Índice de Desempenho de Prazo da Mão de Obra (IDP-MO)

Enquanto o HH/UN analisa a eficiência unitária, o IDP-MO avalia o ritmo da obra, utilizando o conceito de Valor Agregado para verificar se a produção está adequada ao cronograma.

Fórmula:

IDP-MO = Horas-Homem Agregadas (O que foi produzido) / Horas-Homem Planejadas (O que deveria ter sido feito)

Interpretação:

  • IDP > 1,0: Desempenho excelente, indicando que a equipe produziu mais que o planejado e o avanço da obra está acelerado.
  • IDP = 1,0: A produção está exatamente no prazo.
  • IDP < 1,0: Alerta vermelho, pois a produção está abaixo do planejado. Por exemplo, um IDP de 0,8 significa que, para cada 10 horas planejadas, foram entregues apenas 8 horas de trabalho efetivo.

KPI 3: Variação da Taxa de Produção (VTP)

A estabilidade da produtividade é tão importante quanto a sua altura. O VTP mede a constância do ritmo de produção, sendo essencial para a Construção Enxuta (Lean Construction). Oscilações frequentes entre dias de alta e baixa produção geram gargalos e desorganização.

Fórmula:

VTP = |Produção Média – Produção Atual| / Produção Média

O objetivo da gestão é manter o VTP próximo de zero, sinalizando estabilidade. Índices elevados geralmente indicam problemas de gestão, como falta de material ou pressão excessiva, e não do trabalhador. A estabilização do VTP contribui para um fluxo de trabalho mais contínuo e eficiente.

KPI 4: Índice de Qualidade da Mão de Obra (IQ-MO)

Buscar velocidade pode comprometer a qualidade, resultando em retrabalho e queda na produtividade. O IQ-MO monitora esse impacto, mostrando quanto do esforço total foi desperdiçado em correções.

Fórmula:

IQ-MO = HH Totais do Serviço / (HH Totais do Serviço + HH Gastos em Retrabalho)

formula

Interpretação:

  • IQ-MO de 1,0 (100%): Cenário ideal, sem retrabalho.
  • IQ-MO abaixo de 1,0: Indica percentual de esforço desperdiçado em correções. Por exemplo, índice de 0,85 mostra que 15% do trabalho foi dedicado ao retrabalho, sinalizando necessidade de treinamento ou troca de mão de obra.

KPI 5: Índice de Mão de Obra (IMO)

Para transformar o esforço físico em resultado financeiro, o IMO compara o custo real da mão de obra ao custo previsto para o serviço realizado.

Fórmula:

IMO = Custo Real da Mão de Obra (Folha + Encargos) / Custo Orçado do Serviço Realizado

Utilidade: Este KPI responde diretamente se a empresa está ganhando ou perdendo dinheiro com sua equipe.

  • IMO < 1,0: Ótimo, pois o gasto está abaixo do previsto.
  • IMO > 1,0: Indica prejuízo, com custos superiores ao valor agregado pela mão de obra, podendo ser reflexo de baixa produtividade, excesso de horas extras ou salários elevados não previstos.

Conclusão: Implementando a Cultura de Dados

A adoção desses cinco KPIs não requer tecnologia avançada ou softwares sofisticados, mas sim uma mudança cultural. O primeiro passo é simples: utilizar fichas de verificação de serviço (FVS) e realizar o acompanhamento diário das horas trabalhadas.

O engenheiro que domina esses indicadores deixa de atuar apenas como executor de tarefas e passa a ser um gestor estratégico, garantindo a lucratividade e o sucesso do empreendimento.

Além disso, é fundamental que todos os colaboradores compreendam a importância dos indicadores e participem ativamente do processo de registro e análise dos dados. Incentivar treinamentos periódicos e promover a transparência na comunicação dos resultados pode fortalecer o engajamento da equipe, tornando os KPIs ferramentas eficazes para a melhoria contínua e performance operacional.

1 comentário em “5 KPIs de Produtividade Essenciais na Construção Civil”

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